Na tarde de hoje, o auditório do MAM foi palco de um “bate papo” com o estilista mineiro Ronaldo Fraga, intermediado pela pesquisadora de arte e moda Rosane Preciosa. Numa iniciativa do Museu de Arte Moderna de São Paulo e do SENAC-SP, o circuito de palestras e oficinas, do Zigue zague Moda e Arte, reuniu estilistas conceituados, profissionais da área, e interessados em entender e discutir os caminhos da moda. Neste contexto, Ronaldo apresentou para sua platéia - basicamente formada por estudantes de moda - três desfiles marcantes em sua trajetória (de quase 30 desfiles). As viagens de Gulliver (inverno 2003), A cobra: ri – Uma Estória para Guimarães Rosa (Verão 2007) e, finalmente, Tudo é risco de giz (inverno 2009).
Construiu-se, a partir de uma pequena apresentação de cada coleção, a idéia trabalhada no desenvolvimento de cada desfile, o “fazer desfile”, proposto pelo encontro.
Construiu-se, a partir de uma pequena apresentação de cada coleção, a idéia trabalhada no desenvolvimento de cada desfile, o “fazer desfile”, proposto pelo encontro.
Há sempre uma expectativa em torno dos desfiles de Ronaldo Fraga. Fato recorrente entre os que acompanham seu trabalho e sabem a pitada de “esquisitice” empregada pelo estilista. “O susto é o ingrediente fundamental como estrutura de desfile”, afirma Ronaldo ao explicar sua motivação e objetivos quando apresenta e organiza um novo desfile. Para ele a cenografia e a “estranheza” na trilha e na passarela dão o diferencial necessário a um desfile.
Em sua platéia muitas emoções...cada espectador apresenta uma reação distinta: nojo, comoção, pavor...porém nunca indiferença.
Talvez a estranheza buscada por Ronaldo Fraga e o susto como ingrediente fundamental já não seja, hoje, sinal de seu sucesso. Todos estamos condicionados a entrar em seu desfile e “estranharmos”. Resumiria o fator de seu sucesso em uma linda palavra, até mais impactante que “susto” e “estranheza”, e, numa dessas, mais bela que suas belas criações: SENSIBILIDADE. É isso que faz de Ronaldo Fraga um pesquisador, um criador, um artista. A sensibilidade de alguém que leva jovens e idosos à passarela, que promove uma releitura de Guimarães Rosa, que dá show e dá palestra!
Em sua platéia muitas emoções...cada espectador apresenta uma reação distinta: nojo, comoção, pavor...porém nunca indiferença.
Talvez a estranheza buscada por Ronaldo Fraga e o susto como ingrediente fundamental já não seja, hoje, sinal de seu sucesso. Todos estamos condicionados a entrar em seu desfile e “estranharmos”. Resumiria o fator de seu sucesso em uma linda palavra, até mais impactante que “susto” e “estranheza”, e, numa dessas, mais bela que suas belas criações: SENSIBILIDADE. É isso que faz de Ronaldo Fraga um pesquisador, um criador, um artista. A sensibilidade de alguém que leva jovens e idosos à passarela, que promove uma releitura de Guimarães Rosa, que dá show e dá palestra!
Coleção Verão 2007
(Fotos da Web)
O lado nada “glamouroso” dos desfiles: Selecionar quem fica na primeira fila, críticas, “ser” comercial...
“Num desfile você nunca sabe o que vai acontecer”(...)“Tenho pena de quem se condiciona a isso”. (Ronaldo Fraga)
“O desejo de colocar a audiência dentro do desfile é muito mais do que a questão comercial... esta é minha intenção”. (Ronaldo Fraga)
“Chatíssimo administrar a questão da primeira fila”(...)“O que me interessa é o início: montar a coleção, pesquisar.” (Ronaldo Fraga)
Ser criativo é criar estranheza?
Termina o encontro e esta é a pergunta que não sai da minha cabeça.
Cheguei 30min antes do horário marcado para o evento, hábito que sempre critiquei em minha mãe e parece que tomou conta de mim, e por estar presente antes de 90% da platéia pude acompanhar a entrada de cada um. Todos chegavam com certa ansiedade e procuravam o lugar apropriado para assistir a palestra, porém não foi isso que atraiu minha atenção e sim o fato de que cada um fazia uso de, pelo menos, uma peça, ou um acessório intencionando a manifestação de uma “criatividade”. Fosse uma bota rosa Pink, um tênis ultra colorido, cabelos estilizados, colar de perolas num mar de informações, meia calça xadrez num universo de clássicas possibilidades. Será mesmo que a estranheza é sinal de criatividade? Ser básica, trabalhar e dialogar com cores neutras num todo e apenas detalhes vivos, anulam minha criatividade?
Saindo do auditório pude passar pela Bienal e observar a movimentação que se formava no último dia de SPFW e o que vi ali não eram pessoas criativas e sim vítimas da moda, vítimas de tendências que não foram canalizadas e direcionadas no sentido de valorizar cada pessoa. A criatividade, em minha opinião, não está na mistura de tendências à exaustão. O critério de único está num toque sutil que cada um dá à seu visual e que faz dele inspiração para muitas e muitas pessoas... Lá não tive inspiração, apenas medo de mergulhar neste mundo e sair cheia de cavalos marinhos, peixe espada, peixe boi, tubarões pendurados em mim (seria bem estranho, não?!).
Nenhum comentário:
Postar um comentário